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ABSENTISMO
VS PRESENTISMO
O que é o absentismo?
Quando
os colaboradores estão habitualmente ausentes do trabalho sem uma boa razão,
isso é absentismo. As ausências autorizadas – férias programadas e emergências
familiares, por exemplo – não contam como absentismo. O absentismo é fácil de
detetar porque os colaboradores não estão fisicamente presentes no ambiente de
trabalho.
Porque é que o absentismo acontece?
Por
vezes, o absentismo é o indicador de uma doença crónica não diagnosticada.
Contudo, na maioria das vezes, o absentismo acontece por causa de:
- Doença
mental: De acordo
com um recente estudo de acompanhamento de 12 meses do Instituto Nacional
de Segurança e Saúde no Trabalho dos EUA, a depressão é uma das principais
causas de absentismo.
- Bullying e/ou Mobbing: Os trabalhadores que sofrem assédio
no trabalho podem evitar estar no local de trabalhar para escapar ao
incómodo.
- Desilusão: Quando os trabalhadores sentem-se desmotivados, subvalorizados,
descontentes ou aborrecidos no local de trabalho.
- Burnout: Sinónimo de esgotamento total relacionado ao
trabalho, dá-se quando as pessoas se sentem estressadas e exaustas durante
um longo período de tempo, muitas vezes vão-se abaixo, e consequentemente
afastam-se do trabalho.
- Cuidados dependentes: Os indivíduos que precisam de
tomar conta de pais idosos, familiares deficientes e crianças têm por
vezes de tirar um tempo extra de trabalho. Esta situação afecta
principalmente as mulheres que por questões socioculturais acabam tem
dupla ou múltipla responsabilidades domésticas e familiares.
O que é o presentismo?
Consiste
no facto de o funcionário comparecer no local de trabalho, mesmo estando
doente; não cumprindo a totalidade das suas tarefas e/ou não as executando
adequadamente. Contudo, trata-se de um fenómeno complexo e não apenas o oposto
a se ausentar por doença. Quando os trabalhadores estão presentes mas não são
produtivos, isso é presentismo. Em vez de completarem tarefas com eficiência,
olham para o espaço, conversam, navegam na internet ou fazem longas pausas
longe das suas secretárias. O presentismo é mais difícil de definir do que o
absentismo: os empregados estão fisicamente presentes, mas estão mentalmente
desvinculados.
A
divulgação do conceito surgiu na década de 90, época com elevada taxa de
desemprego/ diminuição do número de postos de trabalho, aumento dos contratos
temporários e reestruturação pública e privada.
É
mister proceder a avaliação diagnóstica da real situação na organização,
através de recursos de ferramentas/instrumentos quantificadores (Work
Limitations Questionnaire (WLQ)[1];
Stanford Presenteeism Scale (SPS-6)[2],
de modo que seja possível delinear algumas estratégias que poderão atenuar o
problema.
Porque é que o presentismo acontece?
O
presentismo é um fenómeno muito comum no local de trabalho – e também é comum
quando os colaboradores trabalham remotamente. Pode ser difícil de quantificar,
pelo que não é discutido tão frequentemente como o absentismo, mas é igualmente
prevalecente. Algumas das principais
razões para o presentismo incluem:
- A
falta de dias de doença: Se os colaboradores não tiverem - ou ficarem sem -
dias de doença, podem ir trabalhar mesmo quando estão muito doentes.
- Lealdade: Os indivíduos que se sentem incapazes de trabalhar
por uma razão ou outra podem comparecer porque são leais a um gestor ou à
empresa.
- Escassez de pessoal: Colaboradores
doentes ou incapacitados por qualquer outro motivo chegam por vezes para
compensar a falta de pessoal.
- Medo de perder o emprego: Quando
estão preocupados com as repercussões da ausência, as pessoas
apresentam-se ao trabalho mesmo quando não são capazes de se concentrar.
- Sentem-se insubstituíveis: Quando os
colaboradores tratam da maior parte do trabalho ou da responsabilidade nos
seus departamentos, podem sentir-se incapazes de tirar algum tempo de
folga - mesmo quando precisam genuinamente de o fazer.
Como é que o absentismo e o presentismo afectam as organizações?
Tanto
o absentismo como o presentismo causam problemas em qualquer organização.
Quando os colaboradores não aparecem, os seus colegas têm de fazer um trabalho
extra. Quando aparecem, mas não são capazes de se concentrar, cometem erros ou
deixam tarefas por fazer. Em ambos os casos, a produtividade global cai e
outras pessoas acabam por ter de compensar.
Em
termos literais, tanto o absentismo como o presentismo conduzem a uma perda de
receitas. Um inquérito de 2019 da Direct Health Solutions revelou que o
absentismo aumentou em 1,5 dias para 11,2 dias por colaborador por ano em
comparação com 2017, e calcula-se que tenha custado à economia australiana mais
de 22 mil milhões de euros em salários e produtividade perdida. A investigação
depende dos resultados dados por 104 associações em toda a Austrália, que no
total empregam mais de 255 mil trabalhadores. Pediu-se aos inquiridos que
fornecessem informações dependentes sobre todo o absentismo não planeado,
incluindo licença pessoal, licença de compensação dos trabalhadores e licença
não autorizada, remunerada e não remunerada.
O
quadro de absentismo não é muito melhor noutras nações ocidentais. No Reino
Unido, por exemplo, uma análise do Centro de Investigação Económica e
Empresarial de 2017 estimou o custo económico total das ausências não
autorizadas em 14,8 mil milhões de euros. De acordo com os especialistas do
sector, este valor pode subir para 28,7 mil milhões de euros até 2030.
Estima-se
que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e
à ansiedade que custam à economia global quase um trilhão de dólares. Duas
novas publicações que visam abordar essa questão foram publicadas em 2022 -
diretrizes da OMS sobre saúde mental no trabalho (WHO Guidelines on mental
health at work) e uma nota conjunta da OMS/OIT.
Não
tem havido muita investigação em grande escala sobre o custo financeiro do
presentismo nos últimos anos, pelo que os custos dos tempos modernos são
difíceis de identificar. Dadas as tendências crescentes de fatores de risco
como a depressão, diabetes e outras condições de saúde no mundo desenvolvido,
podemos assumir com segurança que o impacto financeiro do presentismo é agora
maior do que era na viragem do século.
Como reduzir o absentismo e o presentismo?
Os
valores diretos e indiretos associados à ausência e desatenção são
consideráveis - principalmente para as pequenas e médias empresas. Quando os
colaboradores reduzem o absentismo e o presentismo, colhem benefícios
tangíveis. Estes incluem:
- Redução das
despesas relacionadas com o pessoal;
- Aumento do moral do pessoal;
- Mais
produtividade;
- Bom
ambiente organizacional;
- Comunicação
eficiente;
- Hábitos
saudáveis;
- Plano
de carreira;
- Política
de reconhecimento.
Então, como anular as ausências não autorizadas e reduzir o presentismo no local de trabalho?
A
resposta é: um novo caminho para a produtividade - implica planear com
antecedência, ouvir os colaboradores e prestar apoio. As soluções incluem:
- Encorajar os
colaboradores a recuperarem em casa. Quando os colaboradores recuperam em
casa, acabam por custar menos aos seus empregadores. Não infetam os
colegas e não produzem trabalho impreciso ou abaixo do aceitável que exija
correções.
- Rastreio pago de doenças comuns. Programas de
rastreio de diabetes, cancro ou tensão arterial a nível da empresa podem
ajudar a detetar problemas de saúde antes que se tornem tão graves que
afetem a assiduidade.
- Programas de apoio ocupacional. Os trabalhadores que
recebem apoio para condições de saúde crónicas tendem a sentir-se mais
positivos e produtivos do que aqueles que não recebem. Tanto a frequência como a atenção
melhoram como resultado.
- Opções de cuidados infantis. Os pais trabalhadores
beneficiam esmagadoramente quando os seus empregadores lhes proporcionam
opções de trabalho flexíveis. Medidas de trabalho a partir de casa ou
soluções a tempo parcial ajudam a aumentar a produtividade.
Fonte: Travis Gibson, Commercial Manager,
especializado em In-House Solutions, da Randstad
Elaborado por:
Aurio Sebastião
[1] Work Limitations
Questionnaire (WLQ): Esta escala foi desenvolvida para medir o presentismo e
avaliar as limitações no trabalho. Ela aborda questões relacionadas à
produtividade, tarefas incompletas e dificuldades enfrentadas pelos
trabalhadores devido a problemas de saúde ou outras condições médicas.
[2] Stanford Presenteeism
Scale (SPS-6): A SPS-6 avalia o presentismo e as perdas de produtividade laboral através
de dois fatores distintos: trabalho completado (TC) e distração
evitada (DE). O primeiro factor incide nas causas físicas de
presentismo e corresponde à quantidade de trabalho realizado sob efeito das
causas de presentismo. O segundo fator prende-se com aspetos psicológicos e
corresponde à quantidade de concentração mobilizada para produzir quando existe
um efeito de presentismo. Cada fator inclui três itens avaliados numa escala de
5 pontos que varia de 1 (discordo totalmente) até 5 (concordo totalmente).
Maior valor no score total de Presentismo e no TC e menor valor no DE significa
melhor estado psicológico e menor impacto do presentismo na sua versão
clássica, ou seja, estão presentes e apesar de doentes conseguem trabalhar
eficazmente.