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Salário Emocional: O que é? Como Calculá-lo e Promovê-lo dentro da Tua Empresa

Elaborado por Aurio Sebastião, Msc. Ciências do Trabalho e Relações laborais

Por que as pessoas trabalham? A resposta mais óbvia, é claro, é pelo dinheiro. Mas, além da remuneração, existem também outros elementos que podem aumentar ou diminuir a satisfação de uma pessoa no trabalho e que fazem parte do seu "salário emocional".

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Vivemos uma época cada vez mais complexa e difícil de definir estratégias para motivação dos colaboradores em contextos organizacionais e não só. As relações de trabalho são cada vez menos determinadas apenas pelo fator salário, compensações e benefícios financeiros. Com a pandemia e seus efeitos no mundo do trabalho, há uma crescente preocupação em estudar e analisar, a nível das ciências das emoções, gestão do pessoal e do bem-estar dos trabalhadores, os aspectos não quantificáveis, no caso, o estado emocional das pessoas em contextos laborais, como forma de atrair e reter talentos e competências. 

Neste sentido, o salário emocional, surge como aquele que não aparece nas folhas de remuneração, nada tem haver com os benefícios ou prémios monetários, e são cada vez mais valorizados por parte daqueles que vendem ou cedem a sua força de trabalho e pelos empregadores preocupados com a qualidade do serviço prestado através da garantia da do bem-estar físico, social e emocional dos seus colaboradores.

Existem alguns estudos avançados, como da mexicana Marisa Elizundia, especialista em recursos humanos, que nos podem orientar neste sentido, como «horário flexível, o trabalho à distância ou teletrabalho, seguros de saúde, benefícios sociais em relação à educação dos filhos, espaços de lazer dentro das empresas, ajudas com pagamento de formação, entre outros benefícios, são exemplos das retribuições não financeiras que não aparecem na folha de vencimento, mas fazem parte do salário emocional».

O conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB) avalia o índice de bem-estar da população, defende a ideia de salário emocional como um complemento ao salário que é oferecido pela empresa, relacionado com aquilo que o dinheiro não pode comprar. Ou seja, falamos de salário emocional quando nos referirmos às vantagens que as empresas oferecem aos seus funcionários para melhorar os seus níveis de satisfação no trabalho, sem que isso signifique realmente um aumento salarial.

Havendo vários factores que, direta ou indiretamente, influenciam o bem-estar no trabalho, há dois que o e-konomista destaca como sendo de particular importância: o ambiente de trabalho e a atenção dada ao funcionário pela empresa. «Este tipo de salário reduz a rotatividade dos profissionais, aumenta a sua eficiência e é também um factor fundamental na retenção e captação de talentos.»

Surgi-nos uma questão fundamental, se o salário emocional não é quantificável, como podemos calcular, para devidamente se promover?

De acordo com o site, e-konmista, existem cinco aspectos a ter em conta no cálculo do salário emocional:

1.    Equilíbrio entre carreira profissional e vida familiar, o poder usufruir de um horário flexível para trabalhar, ou até executar as tarefas a partir de casa, permitindo mais disponibilidade para, por exemplo, acompanhar os filhos.  

2.    Compensações para além do salário, compensações que, ainda que não sejam monetárias, podem contribuir para o bem-estar dos colaboradores e até mesmo ajudá-los a poupar dinheiro na aquisição de serviços. Alguns exemplos: Seguros de saúde, inscrições em ginásios, creche, infantário ou atividades durante as férias escolares, formação profissional ou cheques-desconto são algumas das compensações que deve ter em conta ao calcular o seu salário emocional.  

3.    Progressão na carreira, oferecendo oportunidades reais de progressão de carreira, indo ao encontro das ambições dos colaboradores.  

4.    Formação contínua, elaborar um plano de formação contínua para melhorar as competências técnicas adequadas à função dos colaboradores e, por consequência, ter melhores condições de trabalho. Fomentar a aprendizagem de coisas novas que possam enriquecer os colaboradores também em termos pessoais é igualmente valorizado.  

5.    Bom ambiente de trabalho, acreditar na missão da empresa e todos partilharem da mesma cultura empresarial, faz com que sejam criados laços de confiança entre colegas e fazer parte de uma boa equipa de trabalho é um factor determinante para que os colaboradores se sintam realizados no seu emprego.

O mesmo site identifica-se ainda 10 formas de promover o salário emocional.

Uma imagem com interior, chão, pessoa, sala

Descrição gerada automaticamente

  • Facilidade de comunicação entre colaboradores e superiores;
  • Programas de desenvolvimento de carreira;
  • Actividades de team building;
  • Programas de lazer que incluam as famílias dos colaboradores;
  • Transparência em relação aos objetivos da empresa;
  • Flexibilidade na rotina organizacional;
  • Actividades em datas comemorativas;
  • Programas de formação;
  • Avaliações objectivas e directas;
  • Reconhecimento e feedback positivo.  

Um mundo competitivo, o salário emocional, para muitos mercados é definido como valor diferencial competitivo para atrair e reter os melhores quadros. Ignorar este factor fundamental é se colocar na traseira na gestão do desenvolvimento das competências individuais e organizacionais.

Concluímos que, embora o salário económico continua sendo a base dos vínculos laborais, é de todo imprescindível termos em conta outros componentes que influencia significativamente na atração e manutenção das relações de trabalhos e que não são passíveis de serem mensurados pela métrica financeira. É fundamental investir em ambientes de trabalho propiciem a valorização mútua e o crescimento profissional e pessoal dos trabalhadores, pois os resultados são seguramente enormes para empresa.

 

Fonte: Salário emocional: quando o dinheiro não é tudo (e-konomista.pt)

           Os 10 fatores que definem o ‘salário emocional’ - BBC News Brasil

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SÍNDROME DE BURNOUT: O QUE É, PRINCIPAIS SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO



síndrome de Burnout (ou Síndrome do esgotamento total) é um distúrbio psíquico causado pelos altos níveis de estresse e pelo estado emocional desequilibrado, desenvolvidos a partir de condições de trabalho desgastantes. Em outras palavras, a síndrome de Burnout é
causada por exaustão extrema (física ou mental) e estresse, e a principal causa da doença é o esgotamento profissional, ou seja, o 
excesso de trabalho.

 

Como surge a síndrome de Burnout

O distúrbio é mais comum em profissionais que atuam constantemente sob pressão, em longas jornadas de trabalho, em ambientes de competitividade ou de grande responsabilidade. Desta forma, a síndrome de Burnout acomete com mais frequência a médicos, professores, policiais, jornalistas e demais profissionais que enfrentam dupla jornada.

Alguns dados sugerem que, atualmente, aproximadamente 40% dos profissionais desenvolvem altos níveis de estresse. O profissional precisa demonstrar c
onstantemente um elevado grau de desempenho, e mede sua autoestima pela capacidade de sucesso e de alcançar conquistas. Há uma necessidade de se afirmar, de ser sempre o melhor. E a sua satisfação termina quando seu talento e desempenho não são reconhecidos.

Nestas condições, estes objetivos se transformam em compulsão, até que o organismo entre em colapso. A pessoa começa a sofrer com problemas psicológicos, desgaste físico e exaustão, e os sintomas começam a surgir por conta do acúmulo de tarefas, pressão, exigências e responsabilidades proporcionadas pela grande demanda de trabalho. Por isso, é tão importante que se combata a ideia de que os problemas profissionais são oriundos de falhas pessoais ou incapacidade, mas sim de um problema organizacional.

 

 Burnout x Estresse

É muito comum que as pessoas confundam a Síndrome de Burnout com o estresse. Na verdade, ocorre que os sintomas do estresse constante estão presentes na Síndrome de Burnout. Em outras palavras, a síndrome de Burnout é uma consequência do estresse crônico.

A principal característica da síndrome de Burnout é o estado de exaustão e tensão emocional desequilibrada, provocada por condições de trabalho física e emocionalmente desgastantes. O estresse, por sua vez, é uma reação do corpo a situações de ameaça. Trata-se de um “estado de alerta”, uma resposta biológica normal para nos proteger em momentos de risco.


Estágios da síndrome de Burnout

  • Dedicação intensa e descontrolada ao trabalho;
  • Descaso com as próprias necessidades pessoais, como dormir, comer ou sair com os amigos;
  • Fuga de conflitos: a pessoa percebe que as coisas não estão bem, mas não enfrenta os problemas. É neste estágio que começam a surgir as primeiras manifestações sintomáticas físicas;
  • Reinterpretação de valores: coisas como lazer, amigos, familiares e vida social começam a perder seu valor;
  • Negação dos problemas: a pessoa se nega a aceitar que tem problemas e começa a se afastar dos círculos sociais;
  • Recolhimento e aversão a socialização: a pessoa se recusa a comparecer a reuniões e evita diálogos, perdendo a vontade de sair de casa;
  • Despersonalização: há momentos em que a pessoa não se reconhece ou não tem controle sobre o que diz; surgem mudanças de comportamento e de humor;
  • Tristeza intensa: a pessoa começa a demonstrar traços de desesperança, exaustão e indiferença; a vida perde o sentido, cria-se a sensação de que tudo é complicado e desgastante;
  • Colapso físico e mental: é o estágio considerado de emergência e é preciso buscar ajuda médica e psicológica com urgência.

 

Quais são os principais sintomas da Síndrome de Burnout?

É importante ressaltar que os sintomas da síndrome de burnout surgem de forma leve. É por isso que, por muitas vezes, as pessoas acham que é algo passageiro e deixam de se preocupar. Porém, as manifestações sintomáticas tendem a evoluir e piorar com o passar dos dias. Muitas pessoas deixam de buscar ajuda médica por não associarem os sintomas ao distúrbio e acabam negligenciando sua condição, que pode ser mais séria. Eis os principais sinais:

  • Cansaço excessivo, físico e mental;
  • Dor de cabeça frequente;
  • Fadiga e dores musculares;
  • Pressão alta e alteração nos batimentos cardíacos.
  • Alterações no apetite: perda da fome ou compulsão alimentar;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Insônia e alterações no sono;
  • Dificuldades de concentração e memorização;
  • Sentimentos de fracasso, incompetência, desesperança, derrota e insegurança;
  • Negatividade constante;
  • Isolamento;
  • Alterações repentinas de humor.


Diagnóstico da síndrome de Burnout

O diagnóstico da síndrome de Burnout pode ser feita por profissionais especialistas. O psiquiatra e o psicólogo são os profissionais indicados para identificar o distúrbio e orientar a melhor forma de tratamento, caso a caso.

 

Como prevenir a síndrome de Burnout?

A melhor maneira de prevenir a síndrome de Burnout é evitar situações desgastantes no trabalho e praticar atividades que diminuam o estresse. Lembre-se que o desenvolvimento da síndrome está associado a esgotamento físico e mental, e condutas mais saudáveis contribuem para evitar a progressão do distúrbio.

Neste caso, pratique atividades físicas e de lazer, fora da rotina, e esteja com pessoas que gosta, sejam amigos ou familiares. Evite contato com pessoas e ambientes “negativos”, que lhe causem mal-estar. Evite também o consumo excessivo de bebida alcoólica, cigarros e outras drogas, pois elas agravam os sintomas. E principalmente: descanse bastante à noite, durma pelo menos 8 horas por dia. Lembre-se de que é fundamental manter o equilíbrio entre o trabalho, o lazer, a vida social, a família e as atividades físicas.

E por fim, nunca se automedique! Qualquer tratamento deve ser indicado pelo profissional de saúde adequado, e você só deve tomar medicamentos com prescrição médica.

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PROFISSÕES EM VIAS DE EXTINÇÃO

  Texto de Ana Rebelo, adaptado por Aurio Sebastião, Msc. em CTRL

Com avanço cada vez mais da tecnologia e de seus procedentes, tem se registado um nível forte de influência desta na transformação do mercado de trabalho. Se por uma esta evolução tem contribuído positivamente na vida social e profissional do homem, como o Big Data, a Inteligência Artificial (IA) e a robótica,  que vieram facilitar-nos a vida. Contudo, este avanço tecnológico também têm o seu lado negativo. De acordo com o “El Confidencial”, num artigo publicado em 2020, a transformação digital vai levar algumas profissões a desaparecer já a partir dos tempos que se avizinham. Esta situação, claramente, já é vivenciada em algumas realidades, em países mais avançados tecnologicamente. 

Um estudo da McKinsey Global Institute, da Universidade de Oxford e do Banco Mundial, citado pelo jornal espanhol, previu que, em 2030, entre 400 e 800 milhões de trabalhadores sejam substituídos por software. E, na verdade, o Fórum Económico Mundial estima que 29% das tarefas já estejam a ser feitas por máquinas.

Segundo um estudo apresentado, na XXIII Conferência sobre Recursos, realizada em Portugal, este ano, O cenário base assume que metade das tarefas que têm potencial de ser automatizadas serão automatizadas até 2030. Este cenário implica numa redução de 1, 1 milhões de postos de de trabalho. 

Refletindo sobre esta situação, saiba algumas das profissões em vias de extinção:

Empregados de mesa: o potencial de automação para esta função é de 77% nos próximos anos, de acordo com um estudo do Centro para um Futuro Urbano (Center for an Urban Future, em inglês).

Trabalhadores da indústria: o segundo sector mais afectado pelo boom tecnológico, principalmente pela introdução de software e robôs, nas linhas de montagem, é a indústria. Dados do estudo “How Robots Change the World” da Oxford Economics revelam, inclusive, que 400 mil empregos foram substituídos por máquinas em toda a Europa, desde o ano 2000.

Motoristas: uma análise da Universidade de Oxford dá conta de que existe uma probabilidade de 89% de que esta profissão venha a ser totalmente desempenhada por máquinas num futuro próximo.

Maquinistas: só na Europa existem já 17 linhas de metro totalmente automatizadas e em pleno funcionamento.

Carteiros: o número de empregos nesta área veio diminuir significativamente com a rápida ascensão do correio electrónico.

Agricultores: com a agricultura também a evoluir tecnologicamente, um dos objectivos é retirar a mão-de-obra humana deste sector, uma vez que se trata de uma profissão considerada de risco.

Advogados: já existe software de IA e de Big Data capaz de rever uma enorme quantidade de documentos em pouco tempo, o que poderá levar à destruição de 39% dos empregos no sector jurídico só no Reino Unido, segundo dados da Deloitte Legal.

Contudo, cerca de 0,6 -1,1 milhões de novos empregos também poderão ser criados devido ao crescimento econômico que tem origem no aumento da produtividade que a automação proporciona.

Para tanto, importa referir que, embora as várias e constantes transformações que se tem registado a nível do mercado de trabalho a nível global, é imprescindível a capacidade, da parte dos sujeito
s deste mercado (empresas e trabalhadores), de se reinventarem e realizarem  permanentemente os seus upskilling & reskilling para melhor se posicionarem no mercado competitivo.

Fontes: 

https://hrportugal.sapo.pt/estas-profissoes-vao-desaparecer-ja-a-partir-deste-ano-saiba-se-a-sua-e-uma-delas/.

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28 de Abril - Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho

Sob o lema: "Vamos agir em conjunto para construir uma cultura positiva de segurança e saúde", é sublimemente reforçada a 'importância da participação e do diálogo social para garantir a segurança e saúde no trabalho, não só para proteger a vida dos trabalhadores, mas também para assegurar a continuidade das atividades no mercado de trabalho'. 

Segundo declaração da OIT,  uma cultura forte de SST é aquela em que o direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável é valorizado e promovido tanto pela gestão como pelos(as) trabalhadores(as).

Uma cultura de SST positiva baseia-se na inclusão, por meio do envolvimento significativo de todas as partes na melhoria contínua da segurança e saúde no trabalho.
O ambiente de trabalho deve ser um espaço em os vários atores que nele funcionam e interagem possam sentir-se acolhidos e atendidas as suas preocupações, principalmente, relacionadas à matéria de SST.

Tendo sido sido celebrado pela primeira vez, em Nova York (EUA), pela Nações Unidas e em 2001, adotada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o dia 28 de Abril é celebrado, mundialmente, como o dia da Segurança e Saúde no Trabalho. Angola, enquanto Estado-Membro das Nações Unidas e da OIT, também adotou este dia, como um dia celebrativo, mas igualmente de reflexão em torno da problemática do trabalho seguro e saudável, envolvendo às empresas e os trabalhadores, enquanto sujeitos ativos promotores do desenvolvimento económico e parceiros do Estado.

De acordo com as estimativas, de 2000 à 2016, da OMS e OIT sobre o ônus de doenças e lesões relacionadas ao trabalho:

  • Lesões e doenças relacionadas ao trabalho provocaram a morte de 1,9 milhão de pessoas em 2016.
  • A maioria das mortes relacionadas ao trabalho deveu-se a doenças respiratórias e cardiovasculares.
  • As doenças não transmissíveis foram responsáveis por 81% das mortes.
  • As maiores causas de mortes foram doença pulmonar obstrutiva crônica (450.000 mortes); acidente vascular cerebral (400.000 mortes) e cardiopatia isquêmica (350.000 mortes). Lesões ocupacionais causaram 19% das mortes (360.000 mortes).
  • O estudo leva em consideração 19 fatores de risco ocupacional, como exposição a longas jornadas de trabalho e exposição no ambiente de trabalho à poluição do ar,  asmagens, a substâncias cancerígenas, a riscos ergonômicos e a ruído.
  • Globalmente, as mortes relacionadas ao trabalho por população caíram 14% entre 2000 e 2016. No entanto, as mortes por doenças cardíacas e derrames associados à exposição a longas jornadas de trabalho aumentaram 41% e 19%, respectivamente. Isso reflete uma tendência crescente neste fator de risco ocupacional relativamente novo e o risco psicossocial

 A responsabilidade pela prevenção e segurança no trabalho é de todos. Todos são chamados a exercerem o seu papel de agente de segurança no trabalho ou fora deste: empresas, trabalhadores, Estado e sociedade em geral.

O diálogo entre todos e todas (governos, empresas, trabalhadores e peritos) é imprescindível para enfrentarmos juntos a dura fase provocada pela crise sanitária mundial e os riscos profissionais que advém do contexto e  tende a comprometer não só a vida económica global, como a vida de cada indivíduo, em particula.

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A FRAGILIDADE DE UM MERCADO DE TRABALHO


João Fraga de Oliveira | Gazeta da Beira
Por Aurio Sebastião
O termo precariedade surge no final dos anos 70, tanto a nível dos discursos políticos quanto à nível da investigação sociológica, isto associada à “sociologia da família e da pobreza”. A precariedade é, aqui, associada à condição económica e social das famílias cujo rendimento depende apenas de um dos cônjuges (Barbier, 2005 apud Sá, 2010).       
Porém, quase dez anos depois, final dos anos 80, a autora Dominique Shnapper (1989) relaciona o termo precariedade ao trabalho, isto é, a um tipo de relação laboral em que a mesma definia por “emprego sem estatuto”.

De acordo com Carmo e Matias (2019), a precariedade insere-se numa tendência geral de progressão de lógicas neoliberais que têm vindo afectar o funcionamento das economias e coesão das sociedades. Sob ênfase de ser um modelo económico que visa maior nível de desenvolvimento económico, após a entrada em colapso do modelo Taylor-fordista, impregnou um conjunto de medidas políticas, tendo como pano de fundo, a desregulamentação das normas laborais e cada vez mais a desproteção do trabalhador. Sobretudo, no discurso destes autores, aqueles que se vêm numa condição contratual vulnerável. Toda as medidas transformistas levadas à acabo por este modelo de acumulação flexível, permitiu o surgimento de uma nova estrutura de classe social, a nível mundial – o “precariado, como classe em construção” (STANDING, 2011).

A precariedade laboral é a insegurança no emprego, o que provoca um mix de incerteza na vida dos trabalhadores. Compreende-se aqui, num vínculo precário, os contratos de trabalho de tempo parcial e a termos, o falso autoemprego, trabalhos informais, baixos salários e a dificuldade de acesso aos direitos (STANDING, 2014). Neste sentido, estes trabalhadores que mantém vínculos laborais precários estão mais expostos ao assédio moral e abusivo por parte da entidade patronal no que concerne na exploração laboral. Vivem entre despedimento fácil, a não renovação do contrato de trabalho e um prolongado período de fora do mercado de trabalho. Em consequência desta situação, trabalham e vivem em permanente medo e ansiedade provocado pela insegurança e instabilidade da relação laboral, levando mesmo ao estresse permanente, o que não garante saúde nem integridade a este seguimento social.

Nesta condição, se encontram muitos jovens com variados escalões académicos, até mesmo de ensino superior, muitos destes não conseguem ser independentes da família e concretizar os seus projectos de vida, pois não têm estabilidade no emprego e têm salários baixos e insuficiente para lhes garantir uma autonomia financeira, o que tende afectar diferentes dimensões da vida profissional e social deste seguimento social. Esta é uma tendência transversal à população trabalhadora mais jovem independentemente do seu nível de escolaridade (Alves et al, 2011 apud Carmo e Matias, 2019:17). A precariedade, enquanto condição associado ao trabalho, tem efeitos sobre o indivíduo além da esfera profissional, provocando mesmo a instabilidade na vida dos cidadãos.

Segundo estudos feitos no âmbito sociológico sobre o quadro radiográfico das relações de trabalho no contexto actual à nível de vários mercados de trabalho, os mesmos apresentam-se fragmentados com multiplicidade de situações contratuais, fazendo com que a entrada e a continuidade dos jovens no mercado de trabalho aconteça através da acumulação de empregos precários, independentemente do tipo de actividade desenvolvida e muitas das vezes da formação profissional e académica.

A questão é, como se observa a participação dos jovens no mercado de trabalho em Angola? Que medidas estão a ser levadas acabo pelo Estado para contrariar a lógica da precariedade laboral no contexto do nosso mercado de trabalho? Qual é o impacto da precariedade laboral dos jovens em Angola e quais as suas perspectivas de futuro?

Fontes
CARMO, Renato Miguel Do e MATIAS, Ana Rita (2019), Retratos da Precariedade – Quotidianos e Aspirações dos Trabalhadores jovens, Lisboa, edições Tintas da China;
OLIVEIRA, João Fraga de (2017) Estado e Precariedade Laboral: suas várias facetas, Gazeta da Beira, www.gazetadabeira.pt
SÁ, Teresa (2010), “Precariedade” e “Trabalhador Precário”: Consequências sociais da precarização laboral. https://doi.org/10.4000/configuraçoes.203
STANDING, Guy (2011), The Precariat – The New Dangerous Class. London: Bloomsbury

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  M E R C A D O  D E  T R A B A L H O: A  Ú N I C A  C E R T E  Z A  É  A I N C E R T E Z A

Incerteza | Wall Street International Magazine
A crise no sistema sanitário a nível mundial, provocada pela pandemia da COVID-19, tem impactado, negativamente, os sistemas económicos e o mercado de trabalho, conforme declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT), afectando não só a oferta – produção de bens e serviços – mas também o consumo e o investimento. Com as interrupções de produção que teve seu início na China, país berço do novo coronavírus, já implicou as cadeias de fornecimento e consumo a nível do mundo. Todas as empresas, independentemente do tamanho, vêem-se enfrentando sérios desafios com ameaça real de queda significativa na receita, falências e perdas de emprego em sectores específicos. A sustentação operacional de negócio está comprometida, principalmente, para Pequenas e Médias Empresas (PME’s). Dado o actual ambiente de incerteza e medo, as empresas são menos susceptíveis a investimentos, compras de bens e à contratação de trabalhadores. As perspectivas para a economia, bem como, para a quantidade e a qualidade do emprego estão se deteriorando cada vez mais à medida que se tem alastrado a doença.
É mister ter respostas rápidas através de política de coordenação a nível nacional e global, com liderança multilateral forte, para limitar os efeitos directos da COVID-19 sobre os trabalhadores e suas famílias, enquanto mitigar o impacto económico indirecto em todo mundo. Medidas que visam proteger aqueles que enfrentam perdas de rendimento por causa da infecção ou que venham a reduzir a actividade económica são fundamentais para estimular ou suster a economia. Reformas mais profundas institucionais e políticas fazem-se fundamentais para fortalecer demanda e aumentar a resiliência através de sistemas de protecção social robustos e universais que podem agir como estabilizadores económicos e sociais automáticos face a crise. Isso também irá ajudar a reconstruir a confiança nas instituições e governos. O permanente diálogo tripartido entre governos, empresas e trabalhadores permite o desenvolvimento e implementação de soluções mais sustentáveis a nível dos países.
Com o actual cenário de incertezas e instabilidades económicas, a OIT aponta para um aumento significativo do desemprego e do sub-emprego em consequência da propagação da COVID-19. Estima-se um aumento na ordem dos 24,7 milhões, a partir de um nível de base de 188 milhões em 2019. O desemprego também deverá aumentar numa escala global, dada a experiência de crises económicas e financeiras, o tipo de trabalho tenderá ser mais precário e vínculos laborais mais vulneráveis. Neste sentido, os efeitos desta crise deverão ser bastante assimétricos provocando um aumento das desigualdades sociais e de rendimentos. Os trabalhadores precários são os primeiros a estarem expostos ao desemprego tal quanto aconteceu durante as crises económicas e financeiras em 2008/2009 na Europa e nos Estados Unidos da América, respectivamente, e em 2014/2015 em Angola. Porém, para a realidade de Angola torna-se mais catastrófico por não ter um sistema de protecção social ao desemprego. Há um conjunto de pessoas que já foram despedidas e outras que terão os seus contratos de trabalho não renovados e por consequência deste facto, verão os seus rendimentos e de suas famílias comprometidos.
Os empresários das micro e pequena empresas – maior tecido económico angolano – encontram-se, em grande medida, numa situação de inactividade além de serem esforçados a dispensar os trabalhadores, vêem-se suas actividades económicas comprometidas. Esta situação incompensável deverá afectar não só os trabalhadores por conta de outrem, mas também e acima de tudo, trabalhadores independentes ou por conta própria sem alguma protecção de manutenção de seus rendimentos, estando dependente apenas dos seus rendimentos diários. Portanto, o declínio da actividade económica e as restrições sobre os movimentos das pessoas está impactando tanto a manufactura quanto os serviços. O sector de serviços, turismo, viagem e informal são, especialmente, os mais vulneráveis. De acordo com uma avaliação inicial pelo Conselho Mundial do Comércio e Turismo prevê um declínio em escalas internacionais de até 25% em 2020, o que colocaria milhões de empregos em risco.
A pressão sobre os rendimentos resultantes do declínio da actividade económica já está afectar trabalhadores perto ou abaixo da linha de pobreza. Os impactos do crescimento do vírus utilizado para as estimativas de desemprego sugerem um adicional de 8,8 milhões de pessoas a trabalharem na condição de pobreza em todo o mundo do que o inicialmente estimado (ou seja, um total de pré-declínio de 5,2 milhões de trabalhadores pobres em 2020 em comparação com um declínio de 14 milhões provocados pela COVID -19).
Como já se fez referência, o impacto da crise económica provocada pela pandemia COVID-19, pode ser desproporcional sobre certos segmentos da população, o que pode provocar o agravamento da desigualdade. E o seguimento populacional mais vulnerável serão jovens que já enfrentam altas taxas de desemprego e sub-emprego, as mulheres que estão sobre-representadas nos sectores mais afectados (como serviços). A OIT estima que 58,6% das mulheres empregadas trabalham no sector de serviços em todo o mundo, em comparação com 45,4% dos homens, trabalhadores desprotegidos com maior enfoque trabalhadores independentes, trabalhadores migrantes são particularmente vulneráveis ao impacto da crise COVID-19.
Como repostas políticas devem se ter em conta dois objectivos imediatos, por um lado medidas de protecção da saúde, por outro lado, o apoio económico tanto para o rendimento das famílias quanto para liquidez dos empregadores. Estas medidas de almofada às empresas e aos trabalhadores não só contra o emprego imediato e perdas de rendimento, mas também visa ajudar a evitar uma cadeia de choques de oferta (por exemplo, perdas em trabalhadores capacidades de produtividade) e choques de demanda (consumo por exemplo, suprimindo entre os trabalhadores e suas famílias), o que poderia levar a uma recessão econômica prolongada. Assim sendo, conforme declaração da OIT, existem três pilares fundamentais para mitigar o impacto da COVID-19 que consistem em protecção dos trabalhadores no local de trabalho com o reforço nas medidas Segurança e Saúde no Trabalho, adaptação de trabalho presencial para teletrabalho, a prevenção a descriminação e a exclusão; estimular a economia e trabalho com política fiscal activa, política monetária acomodativa, empréstimos e financiamento de apoio a sectores mais afectados inclusive o sector da saúde; estimular a demanda da economia e do trabalho através de políticas económicas e de emprego para estabilizar a actividade económica principalmente as MPME’s.
Compreende-se que esta pandemia é única em muitos aspectos, porém informações precisas, consistentes, oportuna e transparente é essencial não apenas para lutar contra a pandemia, mas também para reduzir a incerteza e aumentar a confiança em todos os níveis da economia e da sociedade, incluindo o local de trabalho. Um declínio ou falta de confiança tenderá afectar no comportamento dos consumidores e do investimento empresarial, induzindo o abrandamento económico e dificultando a recuperação.  Empregadores e trabalhadores podem trabalhar juntos para defender a prevenção, sensibilização e capacitação de seus e membros, e implementar práticas de segurança e saúde no trabalho, de acordo com as normas nacionais e internacionais.

  
Elaborado por Aurio Filomeno Sebastião.
Mestrando em Ciências do Trabalho e Relações Laborais
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