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  M E R C A D O  D E  T R A B A L H O: A  Ú N I C A  C E R T E  Z A  É  A I N C E R T E Z A

Incerteza | Wall Street International Magazine
A crise no sistema sanitário a nível mundial, provocada pela pandemia da COVID-19, tem impactado, negativamente, os sistemas económicos e o mercado de trabalho, conforme declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT), afectando não só a oferta – produção de bens e serviços – mas também o consumo e o investimento. Com as interrupções de produção que teve seu início na China, país berço do novo coronavírus, já implicou as cadeias de fornecimento e consumo a nível do mundo. Todas as empresas, independentemente do tamanho, vêem-se enfrentando sérios desafios com ameaça real de queda significativa na receita, falências e perdas de emprego em sectores específicos. A sustentação operacional de negócio está comprometida, principalmente, para Pequenas e Médias Empresas (PME’s). Dado o actual ambiente de incerteza e medo, as empresas são menos susceptíveis a investimentos, compras de bens e à contratação de trabalhadores. As perspectivas para a economia, bem como, para a quantidade e a qualidade do emprego estão se deteriorando cada vez mais à medida que se tem alastrado a doença.
É mister ter respostas rápidas através de política de coordenação a nível nacional e global, com liderança multilateral forte, para limitar os efeitos directos da COVID-19 sobre os trabalhadores e suas famílias, enquanto mitigar o impacto económico indirecto em todo mundo. Medidas que visam proteger aqueles que enfrentam perdas de rendimento por causa da infecção ou que venham a reduzir a actividade económica são fundamentais para estimular ou suster a economia. Reformas mais profundas institucionais e políticas fazem-se fundamentais para fortalecer demanda e aumentar a resiliência através de sistemas de protecção social robustos e universais que podem agir como estabilizadores económicos e sociais automáticos face a crise. Isso também irá ajudar a reconstruir a confiança nas instituições e governos. O permanente diálogo tripartido entre governos, empresas e trabalhadores permite o desenvolvimento e implementação de soluções mais sustentáveis a nível dos países.
Com o actual cenário de incertezas e instabilidades económicas, a OIT aponta para um aumento significativo do desemprego e do sub-emprego em consequência da propagação da COVID-19. Estima-se um aumento na ordem dos 24,7 milhões, a partir de um nível de base de 188 milhões em 2019. O desemprego também deverá aumentar numa escala global, dada a experiência de crises económicas e financeiras, o tipo de trabalho tenderá ser mais precário e vínculos laborais mais vulneráveis. Neste sentido, os efeitos desta crise deverão ser bastante assimétricos provocando um aumento das desigualdades sociais e de rendimentos. Os trabalhadores precários são os primeiros a estarem expostos ao desemprego tal quanto aconteceu durante as crises económicas e financeiras em 2008/2009 na Europa e nos Estados Unidos da América, respectivamente, e em 2014/2015 em Angola. Porém, para a realidade de Angola torna-se mais catastrófico por não ter um sistema de protecção social ao desemprego. Há um conjunto de pessoas que já foram despedidas e outras que terão os seus contratos de trabalho não renovados e por consequência deste facto, verão os seus rendimentos e de suas famílias comprometidos.
Os empresários das micro e pequena empresas – maior tecido económico angolano – encontram-se, em grande medida, numa situação de inactividade além de serem esforçados a dispensar os trabalhadores, vêem-se suas actividades económicas comprometidas. Esta situação incompensável deverá afectar não só os trabalhadores por conta de outrem, mas também e acima de tudo, trabalhadores independentes ou por conta própria sem alguma protecção de manutenção de seus rendimentos, estando dependente apenas dos seus rendimentos diários. Portanto, o declínio da actividade económica e as restrições sobre os movimentos das pessoas está impactando tanto a manufactura quanto os serviços. O sector de serviços, turismo, viagem e informal são, especialmente, os mais vulneráveis. De acordo com uma avaliação inicial pelo Conselho Mundial do Comércio e Turismo prevê um declínio em escalas internacionais de até 25% em 2020, o que colocaria milhões de empregos em risco.
A pressão sobre os rendimentos resultantes do declínio da actividade económica já está afectar trabalhadores perto ou abaixo da linha de pobreza. Os impactos do crescimento do vírus utilizado para as estimativas de desemprego sugerem um adicional de 8,8 milhões de pessoas a trabalharem na condição de pobreza em todo o mundo do que o inicialmente estimado (ou seja, um total de pré-declínio de 5,2 milhões de trabalhadores pobres em 2020 em comparação com um declínio de 14 milhões provocados pela COVID -19).
Como já se fez referência, o impacto da crise económica provocada pela pandemia COVID-19, pode ser desproporcional sobre certos segmentos da população, o que pode provocar o agravamento da desigualdade. E o seguimento populacional mais vulnerável serão jovens que já enfrentam altas taxas de desemprego e sub-emprego, as mulheres que estão sobre-representadas nos sectores mais afectados (como serviços). A OIT estima que 58,6% das mulheres empregadas trabalham no sector de serviços em todo o mundo, em comparação com 45,4% dos homens, trabalhadores desprotegidos com maior enfoque trabalhadores independentes, trabalhadores migrantes são particularmente vulneráveis ao impacto da crise COVID-19.
Como repostas políticas devem se ter em conta dois objectivos imediatos, por um lado medidas de protecção da saúde, por outro lado, o apoio económico tanto para o rendimento das famílias quanto para liquidez dos empregadores. Estas medidas de almofada às empresas e aos trabalhadores não só contra o emprego imediato e perdas de rendimento, mas também visa ajudar a evitar uma cadeia de choques de oferta (por exemplo, perdas em trabalhadores capacidades de produtividade) e choques de demanda (consumo por exemplo, suprimindo entre os trabalhadores e suas famílias), o que poderia levar a uma recessão econômica prolongada. Assim sendo, conforme declaração da OIT, existem três pilares fundamentais para mitigar o impacto da COVID-19 que consistem em protecção dos trabalhadores no local de trabalho com o reforço nas medidas Segurança e Saúde no Trabalho, adaptação de trabalho presencial para teletrabalho, a prevenção a descriminação e a exclusão; estimular a economia e trabalho com política fiscal activa, política monetária acomodativa, empréstimos e financiamento de apoio a sectores mais afectados inclusive o sector da saúde; estimular a demanda da economia e do trabalho através de políticas económicas e de emprego para estabilizar a actividade económica principalmente as MPME’s.
Compreende-se que esta pandemia é única em muitos aspectos, porém informações precisas, consistentes, oportuna e transparente é essencial não apenas para lutar contra a pandemia, mas também para reduzir a incerteza e aumentar a confiança em todos os níveis da economia e da sociedade, incluindo o local de trabalho. Um declínio ou falta de confiança tenderá afectar no comportamento dos consumidores e do investimento empresarial, induzindo o abrandamento económico e dificultando a recuperação.  Empregadores e trabalhadores podem trabalhar juntos para defender a prevenção, sensibilização e capacitação de seus e membros, e implementar práticas de segurança e saúde no trabalho, de acordo com as normas nacionais e internacionais.

  
Elaborado por Aurio Filomeno Sebastião.
Mestrando em Ciências do Trabalho e Relações Laborais
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