APRENDER A REAPRENDER
04:22:00
EDUCAÇÃO CORPORATIVA
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Psicólogo das Organizações e Trabalho |
A educação corporativa é um modelo estratégico
de que o gestor se serve para desenvolver e educar trabalhadores, clientes,
fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias da organização.
A educação corporativa consiste
num projecto de formação desenvolvido pelas empresas, que tem como objectivo “institucionalizar uma cultura de aprendizagem contínua, proporcionando a
aquisição de novas competências vinculadas às estratégias empresariais”, de
acordo com Quartiero & Cerny.
A crescente expansão deste
modelo, aplicado mundialmente pelas grandes organizações justifica-se pela
chamada “Sociedade do Conhecimento”, como factor determinante para o sucesso,
cujo paradigma, segundo Managão, é a capacidade de transformação do indivíduo
social por meio do conhecimento. Garantindo, por esta via, às organizações, nas
suas diversas formas de constituição e gestão, a sustentabilidade da sua
posição no mundo. Neste contexto, um novo trabalhador é exigido que enfatize
competências segundo um comportamento na solução de problemas, a capacidade de
trabalhar em grupo, de pensar e agir em sistemas interligados e de assumir a
responsabilidade no grupo de trabalho.
Todo o plano de diversificação da
economia de uma sociedade ou país deve estar estritamente alinhado com um
plano de educação sustentável e contínua de todos os actores sociais. As
empresas ao invés de esperarem que as escolas tornem os seus currículos mais
relevantes para a realidade empresarial, resolveram percorrer o caminho
inverso e trouxeram a escola, com métodos mais adequados e contextuais, para
dentro da empresa. O sucesso empresarial tem a sua base no nível do capital
intelectual que lhe é disponível e não no seu capital financeiro. Esta lógica
aplicada às empresas, numa visão micro, aplica-se igualmente ao país que se
preze em desenvolver um plano sustentável de crescimento económico alinhado
com a qualificação e competência dos seus quadros.
A educação corporativa se
justifica ,no nosso contexto, pela insuficiência do Estado em fornecer para o
mercado mão-de-obra competentemente adequada aos desafios institucionais e
empresariais. Desta forma, as organizações, buscando estrategicamente um modelo
próprio que promova e dissemine a cultura organizacional e o atendimento do
plano estratégico de cada empresa, chamam para si essa responsabilidade,
defendendo o deslocamento do papel do Estado e das tradicionais instituições
de ensino para o empresariado na direcção de projectos educacionais. As
empresas grandes, médias e pequenas, no nosso mercado, sem necessidade de depender
das políticas educacionais do Estado, são chamadas a criar nas suas áreas de
gestão um sector de Treinamento e Desenvolvimento de Competências que vise o
alinhamento das competências individuais com as competências organizacionais,
bem como, atenda a necessidade social de um projecto de formação humana
comprometido com a construção de justiça social e a igualdade. E este processo
de aprendizagem organizacional deve ser um activo na gestão do pessoal, acção
contínua e constextual à realidade de cada organização.
Actualmente, mudanças vêm
ocorrendo em vários âmbitos nas organizações, sejam elas públicas, privadas,
académicas, entre outras, na gestão de Recursos Humanos, em especial, para
algumas, no sector de Treinamento e Desenvolvimento. Estas mudanças têm feito
com que as organizações se deparem com inovações, criatividade, novos métodos
de gestão do conhecimento cada vez mais avançados. A educação corporativa, nos
dias actuais, significa que o treinamento para qualificação apenas das funções
dos gestores/trabalhadores ficou restrita ao passado. Hoje, é necessário
investir no desenvolvimento destes novos perfis para uma maneira totalmente
nova de agir e pensar dos seres humanos que compõem os quadros funcionais das
organizações, onde a valorização do capital intelectual na gestão do
conhecimento e gestão de competências é o diferencial para desempenhar e se
antecipar as mudanças do mercado para alcançar a vantagem competitiva. A
educação corporativa não se restringe a salas de aulas, mas sim a processos
organizacionais que são a criação de uma aprendizagem contínua, ou educação
continuada, atingindo o próprio recurso intelectual e pessoal da empresa.
Compartilhar experiências, acções e informações, visando a solução de
problemas, aprender a reaprender, junto com toda a equipa, é a nova política de
gestão, onde ainda exige-se maior escolaridade, mas considera a competência e
não a qualificação.